quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Krajcberg - O Homem e a Natureza no Ano Internacional das Florestas

Por Marina Loretti.

Eu, na frente da entrada do Museu Afro Brasil

Comecei meu dia sem saber muito bem o que esperar, nunca tinha visitado o Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, mas posso dizer que foi um passeio de ótimas surpresas. A primeira foi descobrir que o prédio do museu é o mesmo onde minha mãe trabalhou por grande parte da minha infância e adolescência, o que deu aquela gostosa nostalgia. A segunda, foi que mesmo antes de entrar já encontrei pequenas exposições bem interessantes do lado de fora do prédio: um mural com caricaturas de jogadores de futebol de Miécio Caffé e diversos grafites muito bonitos, de grande dimensão e cores bem vivas. Já me animei porque gosto muito de arte de rua, então foi bom encontrá-la mesmo tendo decidido  visitar um museu.




Quando resolvi entrar no museu já sentia que o dia ia valer a pena. Infelizmente, não era permitido fotografar no interior, portanto, as poucas fotos que consegui tirar estão com ângulos e com a iluminação bem ruim, desculpem-me, valeu a intenção.

Krajcberg - O homem e a Natureza
"Tudo que nasce nesse mundo tem direito de viver"

Num olhar superficial, poderiam dizer que essa exposição é documental e não artística, mas, logo nas primeiras linhas da descrição do diretor curador Emanuel Araújo, sentimos a poesia e o grito de Frans Krajcverg por trás de cada obra. A exposição traz 25 fotos e 1 vídeo que ilustram o objetivo central da longa carreira de Krajcberg no Brasil: a defesa da natureza. Nas palavras do curador, Frans, com seus 90 anos, pode ser descrito como um "eterno encantado e defensor perpétuo da natureza". Quanto às esculturas, são 9 feitas por árvores destruídas em desmatamentos e queimadas, que, para ele, são como seres mutilados que recebem a chance de reviver através da arte.

"A natureza me deu a força e me deu o prazer de sentir, pensar, trabalhar e sobreviver"

No começo da exposição há uma foto de Frans, um senhor pequenininho e simpático, em meio às árvores. Ao lado, um poema de Thiago de Mello em sua homenagem, descrevendo sua grande paixão (e por que não seu chamado?) que leva o nome "A arte de Krajcberg: arte, assombro e fúria".

Gostei muito de todas as obras, acho que por também ser bem ligada à natureza e me deixar afetar por essa despreocupação de grande parte da população com os problemas que nossas florestas tem enfrentado. A maior parte das fotos mostra destruição: incêndios avançando pelas árvores, troncos cortados e lançados ao chão, fumaça, escuridão, abandono. Porém, a que eu mais gostei, e julgo provavelmente ser uma das preferidas do próprio artista, retratava o contrário. Era uma pequena flor, muito verde, muito viva, sobrevivendo à todas as cinzas em volta. Essa foto pra mim falou por toda a exposição e por ele próprio, era um grito evidente de esperança, de luta, de não deixar-se vencer. 


A segunda foto que mais me chamou a atenção mostrava o incêndio na mata, onde a fumaça escura no canto tomava a forma de uma caveira. Sinceramente não sei se só eu vi, mas creio que não, acho que, intencionalmente ou não, foi exatamente isso que ele viu também.

As esculturas eram todas abstratas, feitas com pedaços de árvore queimada, as vezes pintadas de preto, as vezes de vermelho, as vezes de branco. As formas não eram bonitas, lembravam uma pessoa se contorcendo, passavam dor. Na minha opinião todo o acervo tentava relacionar a natureza com a vida, ou com a falta de, o que realmente mexeu comigo. Achei muito bonito ver como Krajcberg se relaciona com a beleza natural do Brasil e luta pelo cuidado das nossas florestas, há tanto tempo, com tanta vontade.


Foi um dia muito gratificante. Gostei muito dessa exposição assim como de outras que estavam acontecendo no museu. Alguns exemplos são "O grande mural dos orixás", um painel enorme de madeira esculpida, e "Orlando Azevedo - Monte Roraima, paraíso perdido", com maravilhosas fotos em preto e branco de formações rochosas, erosões e chapadões. Recomendo muito esse passeio, o parque é delicioso e o museu tem bastante a oferecer. Aproveitem!

Onde: Museu Afro Brasil - Pavilhão Pe. Manoel da Nóbrega, Parque do Ibirapuera, Portão 10.
Quando: Terça a Domingo, das 10h às 18h.
Até quando: 06 de Novembro
Quanto: Entrada gratuita
Site da exposição: http://www.museuafrobrasil.org.br/

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