quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Extremos

Por Bruno Grandino.


Extremos: fotografias na coleção da Maison Européene de la Photographie – Paris conta com 100 fotografias tiradas por grandes nomes como Sebastião Salgado, Henri Cartier-Bresson, Irving Penn, Robert Mapplethorpe e até Neil Armstrong que congelaram momentos extremos da história ao longo dos últimos 65 anos.

Marc Riboud - Anti-Empire Protest (1967)

A exposição tem como proposta mostrar diversas situações em que o extremo e o ser humano se encontram, alguns destes encontros tendo-o como causador, outros como vítima e outros como mero espectador. Dividida em seis salas, a mostra tem imagens de uma enorme variedade de assuntos, logo na entrada, próxima ao texto que inicia a visita, duas imensas fotografias de quatro mulheres já nos indica, de certa forma, o que esperar das imagens que virão.

Helmut Newton - Naked Dressed (1981)

Mesmo com a banalização de imagens chocantes e a possível suavização do impacto que elas teriam, muitas imagens de Extremos ainda têm força suficiente para deter-nos por mais de alguns segundos refletindo, admirando ou até mesmo compartilhando das emoções dos retratados. Numa das fotos, de Henri Cartier-Bresson, uma refugiada dos campos de concentração nazista descobre a informante da Gestapo que a havia delatado, é possível perceber a mistura de ódio e felicidade no rosto da mulher enquanto todos a sua volta acompanham a situação com olhares fixos e duros. Essa é sem dúvida uma das fotografias mais expressivas de toda a exposição e a qual eu me detive olhando por mais tempo, a cada momento uma nova expressão me aparecia.


Henri Cartier-Bresson - Gestapo Informer (1945)
Assim como a foto anterior esta me manteve olhando por um pouco mais de tempo, uma mãe trocando a fralda de seu filho em meio ao lixo, nada parece atingi-la, de certa forma aquilo não mais a incomoda, já faz parte de sua vida assim como a fotografia da mesma série em que uma mulher disputa lugar na praia com uma escavadeira.

Martin Parr - Da Série The Last Resort, New Brighton (1983-1985)

Martin Parr - Da Série The Last Resort, New Brighton (1983-1985)
Sebastião Salgado - Kuwait (1991)

Roger Ballen - Dressie e Casie 



As escolhas das fotografias foram, sem dúvida, muito bem feitas, a medida que se vai avançando na visita, novas experiências com o extremo são propostas e de maneira alguma decepcionam.



Onde: Instituto Moreira Salles - São Paulo
Rua Piauí, 844, 1º andar, Higienópolis.
Tel.: (11) 3825-2560
Quando: 21 de Setembro à 27 de Novembro de 2011
Horário: Terça à sexta, das 13h às 19h
Sábados, domingos e feriados das 13h às 18h
Quanto: Gratuito




quarta-feira, 28 de setembro de 2011

RINO MANIA

Por Fernanda Garcia Lippe
Rino Mania - Diversos artistas - entre eles Gabriel Gombossy, Alexandra Magrini, Binho Martins, Dingos Del Barco, Loro Verz e Luciana Assumpção.









A Rino Mania é uma exposicão a céu aberto, que ficará exposta em São Paulo e em mais 11 cidades. É composta por 60 esculturas de rinocerontes, feitos de fibra de vidro e pintadas por diversos artistas.

Rinoceronte localizado na Praça Vila Boim, do artista Dingos Del Barco.


O Rinoceronte que mais gostei. Da artista Fernanda Faggioni.



Artista: Leo Macias.


A intenção é transformar o visual da cidade em uma savana urbana colorida, levando o inusitado da arte e sofisticação para o dia a dia da população. Arte e educação são os princípios que movem o projeto. Ao final, ocorrerá um leilão das obras cujos recursos serão destinados para projetos com foco em educação ambiental e preservação da vida selvagem.
A marca Duratex cujo símbolo é um rinoceronte é a patrocinadora do projeto que se desenvolverá em 125 escolas nas 11 cidades. O objetivo é incentivar o protagonismo social e a educação ambiental.
A exposição foi idealizada pela Wild in Art, empresa que trabalha em prol da disseminação da arte e da sua implementação em ambientes educacionais com o objetivo de fortalecer o turismo na cidade.

Apesar da frequência em exposições e museus ter crescido em São Paulo, assim como o interesse do brasileiro por arte, ainda seria interessante que as intervenções urbanas artísticas fossem mais frequentes, fazendo crescer o interesse e o relacionamento da população com arte principalmente com a de caráter urbano e intervencionista. Por vezes, na pressa da rotina e das multidões nem percebemos que os rinocerontes, assim como as vacas da Cow Parade há alguns anos, tomaram a selva de pedra que é São Paulo. Mas as esculturas também não podem permanecer na nossa rotina por muito tempo, de modo que nunca percam a cor e se tornem cinza assim como o resto da cidade.

Quando: diariamente, a qualquer horário.
Onde: espalhadas pelas ruas da cidade de São Paulo.
Até quando: até dia 20 de outubro.

Mapa dos 60 pontos estratégicos onde os rinocerontes foram instalados na cidade de São Paulo.

http://www.rinomania.com.br/

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Krajcberg - O Homem e a Natureza no Ano Internacional das Florestas

Por Marina Loretti.

Eu, na frente da entrada do Museu Afro Brasil

Comecei meu dia sem saber muito bem o que esperar, nunca tinha visitado o Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, mas posso dizer que foi um passeio de ótimas surpresas. A primeira foi descobrir que o prédio do museu é o mesmo onde minha mãe trabalhou por grande parte da minha infância e adolescência, o que deu aquela gostosa nostalgia. A segunda, foi que mesmo antes de entrar já encontrei pequenas exposições bem interessantes do lado de fora do prédio: um mural com caricaturas de jogadores de futebol de Miécio Caffé e diversos grafites muito bonitos, de grande dimensão e cores bem vivas. Já me animei porque gosto muito de arte de rua, então foi bom encontrá-la mesmo tendo decidido  visitar um museu.




Quando resolvi entrar no museu já sentia que o dia ia valer a pena. Infelizmente, não era permitido fotografar no interior, portanto, as poucas fotos que consegui tirar estão com ângulos e com a iluminação bem ruim, desculpem-me, valeu a intenção.

Krajcberg - O homem e a Natureza
"Tudo que nasce nesse mundo tem direito de viver"

Num olhar superficial, poderiam dizer que essa exposição é documental e não artística, mas, logo nas primeiras linhas da descrição do diretor curador Emanuel Araújo, sentimos a poesia e o grito de Frans Krajcverg por trás de cada obra. A exposição traz 25 fotos e 1 vídeo que ilustram o objetivo central da longa carreira de Krajcberg no Brasil: a defesa da natureza. Nas palavras do curador, Frans, com seus 90 anos, pode ser descrito como um "eterno encantado e defensor perpétuo da natureza". Quanto às esculturas, são 9 feitas por árvores destruídas em desmatamentos e queimadas, que, para ele, são como seres mutilados que recebem a chance de reviver através da arte.

"A natureza me deu a força e me deu o prazer de sentir, pensar, trabalhar e sobreviver"

No começo da exposição há uma foto de Frans, um senhor pequenininho e simpático, em meio às árvores. Ao lado, um poema de Thiago de Mello em sua homenagem, descrevendo sua grande paixão (e por que não seu chamado?) que leva o nome "A arte de Krajcberg: arte, assombro e fúria".

Gostei muito de todas as obras, acho que por também ser bem ligada à natureza e me deixar afetar por essa despreocupação de grande parte da população com os problemas que nossas florestas tem enfrentado. A maior parte das fotos mostra destruição: incêndios avançando pelas árvores, troncos cortados e lançados ao chão, fumaça, escuridão, abandono. Porém, a que eu mais gostei, e julgo provavelmente ser uma das preferidas do próprio artista, retratava o contrário. Era uma pequena flor, muito verde, muito viva, sobrevivendo à todas as cinzas em volta. Essa foto pra mim falou por toda a exposição e por ele próprio, era um grito evidente de esperança, de luta, de não deixar-se vencer. 


A segunda foto que mais me chamou a atenção mostrava o incêndio na mata, onde a fumaça escura no canto tomava a forma de uma caveira. Sinceramente não sei se só eu vi, mas creio que não, acho que, intencionalmente ou não, foi exatamente isso que ele viu também.

As esculturas eram todas abstratas, feitas com pedaços de árvore queimada, as vezes pintadas de preto, as vezes de vermelho, as vezes de branco. As formas não eram bonitas, lembravam uma pessoa se contorcendo, passavam dor. Na minha opinião todo o acervo tentava relacionar a natureza com a vida, ou com a falta de, o que realmente mexeu comigo. Achei muito bonito ver como Krajcberg se relaciona com a beleza natural do Brasil e luta pelo cuidado das nossas florestas, há tanto tempo, com tanta vontade.


Foi um dia muito gratificante. Gostei muito dessa exposição assim como de outras que estavam acontecendo no museu. Alguns exemplos são "O grande mural dos orixás", um painel enorme de madeira esculpida, e "Orlando Azevedo - Monte Roraima, paraíso perdido", com maravilhosas fotos em preto e branco de formações rochosas, erosões e chapadões. Recomendo muito esse passeio, o parque é delicioso e o museu tem bastante a oferecer. Aproveitem!

Onde: Museu Afro Brasil - Pavilhão Pe. Manoel da Nóbrega, Parque do Ibirapuera, Portão 10.
Quando: Terça a Domingo, das 10h às 18h.
Até quando: 06 de Novembro
Quanto: Entrada gratuita
Site da exposição: http://www.museuafrobrasil.org.br/

terça-feira, 20 de setembro de 2011

As aventuras da linha - Saul Steinberg

 Por Isabelle Veloso Pilot

A exposição As Aventuras da Linha de Saul Steinberg, na Pinacoteca do Estado, é composta por 110 desenhos produzidos pelo artista entre os anos 1940 e 1950.
O trabalho do romeno Saul Steinberg (1914-1999) ficou conhecido graças a colaboração de quase 60 anos para a revista New Yorker, prestigiosa publicação norte-americana, referência absoluta para cartunistas e ilustradores.

O violinista, 1952 - Steinberg, Saul
Os desenhos de Steinberg possuem um cunho satírico e instigante ao mesmo tempo, um forte traço gráfico, o que deixa claro o poder de observação do cartonista.
De repente me vi presa aos pequenos detalhes de suas obras, me entretendo diante de seu humor sutil e caráter enigmático.

Grande Hotel de Belém, 1952 - Steinberg, Saul
Encontrei nos seus desenhos um olhar de um romeno sob uma América que atingia o apogeu do mundo. Vale a pena conferir também os desenhos que fez quando esteve no Brasil, as cores deixam claro que o artista está retratando o país do Carnaval.
The New Yorker- Steinberg, Saul
Em seus traços as imagens processadas através da arte, tornaram-se meios para explorar os sistemas sociais e políticos, as fraquezas humanas, a geografia, e a arquitetura.
Sua exposição deve ser conferida, sendo um programa perfeito e divertido para toda a família.
 
 
Quando: 03/09 à 06/11
Onde: Pinacoteca do Estado de São Paulo -Praça da Luz, 2 São Paulo, SP 
Horário: terça à domingo, das 10h às 17:30h
Quanto: gratuito
Links relacionados:http://www.pinacoteca.org.br/

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"O Beco do Batman"


YoOo

"O BeCo

por 

Renan Leandrini



         A Rua Gonçalo Afonso, mais conhecida como "O Beco Batman" é uma verdadeira galeria de arte ao ar livre na Vila Madalena. A anos as paredes do Beco abrigam obras de diversos artistas.
A história da rua começa nos anos 80, quando nela apareceu um desenho do Batman, assim a rua passou a ser conhecida como "O Beco do Batman", a partir daí as paredes do beco começaram a ganhar vida com as obras.
           Em entrevista a Veja São Paulo, Rui Amaral relembra a história, “Quando chegamos, em 1985, o lugar estava sujo, deteriorado e sem vida. Passamos a pintar sistematicamente, todas as semanas”.
        Hoje em dia grandes nomes do grafiti paulista expoem nessas paredes, entre eles Luis Birigui, Flavio Roni, Sola, Speto, Highraff , Ramon Martins. As paredes são repintadas constantemente, fazendo da rua um ponto de visita recorente para quem gosta da arte.

 
           
         Por serem de diferentes artistas, que tem diferentes caracteristicas, as obras são muito distintas, umas parecem retratar a cidade, outras com mais cores são completamente surrealistas, eu gosto muito do trabalho em preto e branco do grafiteiro Ramon Martins. Outros trabalham com letras como o famoso "Não" que já faz parte do Beco a um bom tempo.
            
         

           Particularmente eu gosto muito da arte de rua, gosto de me deparar com pinturas nas ruas da cidade, gosto das cores nos muros e na forma como esses artistas retratam nossa sociedade.

E é IsSo ..

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

"SUSTENTABILIDADE NÃO CANSA" - Projeto Setembro Verde 2011 (Matilha Cultural)


yo na Matilha Cultural

"Sustentabilidade não cansa"
Por Anna Cestari
  • Exposição Setembro Verde 2001
    Galeria Matilha Cultural
Nunca havia conhecido o Centro de Cultura da Matilha Cultural. É uma entidade independente e sem fins lucrativos, instalada em um edifício de três andares, localizado no centro de São Paulo. A Matilha integra um espaço expositivo (Galeria), sala multiuso e café, além de um cinema com 68 lugares! Me impressionei com a estrutura do lugar e mais ainda com a proposta da exposição instalada.
A ocupação possui uma programação gratuita, voltada aos principais conflitos sócio-ambientais brasileiros, ou seja, o assunto é Sustentabilidade. Em sua 3° edição, o projeto envolve diversos parceiros e oferece mostra de filmes, música, exposições, debates, eventos e ações que ocorrem na Matilha Cultural e em outros espaços da cidade. Me foquei em apresentar as obras locais da Galeria e os principais eventos vinculados ao projeto.



É claro que a iniciativa da Matilha Cultural, com o "Setembro Verde" é usar a cultura para aproximar o público dos movimentos que estão acontecendo no país. Temas como o Código Florestal, a construção da usina de Belo Monte, a mobilidade em São Paulo, além de projetos e eventos que já adotaram princípios de sustentabilidade, fazem parte da programação. Mas até que ponto esse público capta essas informações?
O problema é que, como se fala tanto em sustentabilidade, a quantidade de informações confunde e cansa até o mais bem intencionado ecologicamente. Creio que esse tema já foi muito explorado, mas nunca devemos nos cansar dele! A exposição da Galeria tratou deste assunto sendo direto e reto:




Caderno de assinatura de visitantes, com aviso empolgante e espelho para se identificar.


Stand Lixo Eletrônico



Stand Movimento Passe Livre



MOvimento Xingú para Sempre


Conhecendo o que você consome

Setembro Verde 2011: A Ocupação 

Reciclar o lixo, diminuir o consumo, preferir os orgânicos, usar papel reciclado, gastar menos energia elétrica e menos água, ter sempre à mão uma "ecobag" para não passar nem perto das sacolas plásticas são formas de ser sustentável.
Enfim, A Matilha Cultural tratou de um assunto já desgastado com muita criatividade.

Entrada da Matilha Cultural
(de dentro pra fora)

O Centro Cultural, que fica na Rua Rêgo Freitas, 542 – República, está com as paredes ocupadas por imagens, informações e materiais audiovisuais de campanhas e projetos que abordam direta ou indiretamente os temas sustentáveis.

A arte que mais me chamou atenção foi a da artista Marina Zumi. A artista argentina, explicou o guia da exposição, praticou livepainting (pintura ao vivo) durante abertura do Setembro Verde (2 de setembro, sexta-feira passada).
Desde 2009 a artista que mudou para São Paulo, faz grafites nos muros da cidade se inspirando na natureza, deixando-os mais coloridos em contraste com a poluição de São Paulo.


Grafite da Marina Zumi


Em parceria com o CineClube Socioambiental Crisantempo, o Goethe Institut SP e o Festival Entretodos, a Mostra traz seleção de filmes para despertar e aprofundar a consciência social. Com sessões colaborativas de terça a domingo, a Mostra é composta por 15 longas e seis curtas- metragens.
O guia contou que durante a semana da mobilidade, que ocorre entre os dias 16 e 24 de setembro, várias ações concentradas estão programadas, a intenção é levar o conteúdo da exposição para as ruas e, ao mesmo tempo, apoiar mobilizações e iniciativas de parceiros.
A programação detalhada, com datas, horários e endereços, está disponível no site: www.matilhacultural.com.br


Créditos:

> Quando visitei: 6 de setembro de 2011 ás 13:30
> Onde: MATILHA CULTURAL
Rua Rêgo Freitas, 542 – República – São Paulo
Tel.: (11) 3256-2636
 
> Até quando: 02 de setembro a 02 de outubro
Horários de funcionamento: terça-feira a sábado, das 12h às 20h
Entrada livre e gratuita, inclusive para cães.
> Link: Site da Matilha Cultural
www.matilhacultural.com.br