quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Entornos Mágicos - María Inés Martínez e Enrique Torres Quinteros

Por Bruno Rodrigues de Sousa



Chegando ao Memorial da América Latina, local da exposição

A exposição "Entornos Mágicos" tem como intenção mostrar disparidades, paisagens e a diversidade social que incitam o imaginário e a curiosidade acerca da riqueza cultural existente na América Latina.




Eu  e Ana Flavia observando algumas obras, enquanto Bruno Grandino eterniza o momento

A exposição me encantou, principalmente pelo local onde a mesma se encontra.
O Memorial da América Latina é um espaço agradável, bem arejado e muito bonito que conta com diversas outras atividades, que o tornam a visita muito mais interessante.
Mas voltando a falar da exposição, o que nela me chamou a atenção foi a delicadeza e a sensibilidade que os fotógrafos aplicaram para captar as imagens e a habilidade que os mesmos conseguiram aliar aos títulos delas. Títulos estes que geram muita curiosidade e que me deixaram com a "pulga atrás da orelha".




"Dos colores una pasión"
"Dos colores e una pasión" foi um desses exemplos de curiosidade. Em um primeiro momento, pensei que as cores estavam se referindo à festa popular de Parintins e a paixão fosse o futebol, porém me causou estranhamento o fato de a foto ser tirada em Salvador, então pensei que talvez as cores pudessem estar associadas aos times do Bahia e do Vitória e paixão estaria daí ligada à alegria. Por mais que eu tenha pesquisado sobre os autores e a obra, não encontrei uma resposta, mas exatamente por não encontrar a tal resposta, é que adotei esta obra como minha preferida.




Biblioteca Latino-Americana Victor Civita

"Entornos Mágicos" está em exposição na Biblioteca Latino-Americana Victor Civita, de segunda a sexta, das 09h as 18h e aos sabados, das 09h as 15h, funcionando até o dia 05/11 no Memorial da América Latina.
Informaçoes: (11) 31079679 ou pelo site http://www.memorial.sp.gov.br/memorial/index.jsp


Agradecimentos aos queridos amigos Ana Flavia J. Alves e Bruno Grandino, que me acompanharam nesta visita

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

PENÉLOPE

Por Grazielle Simões


Eu na parte de trás da Capela

Penélope - Tatiana Blass




A intervenção artística de Blass tem como temática Penélope, mulher de Odisseu que é deixada em Ítaca quando este parte para a guerra de Tróia. Após anos a espera do marido, novos pretendentes surgem para se casarem com a rainha. Penélope promete, portanto, casar-se quando terminar de tecer uma mortalha para o pai do rei. No entanto, a rainha tece a mortalha de dia e à noite, às escondidas, desmancha na esperança de ganhar tempo para a volta de Odisseu.


Com esta história de pano de fundo, Blass ao fazer sua instalação na Capela do Morumbi, coloca no altar um grande tear. A escolha do próprio lugar já se insere no contexto do mito grego. Este tear representa a promessa de casamento feita por Penélope. Além de desmascarar as intenções de Penélope, o tear nos coloca diante de um sentido dúbio. De um lado deste se encontra um grande tapete já tecido e do outro lado um emaranhado de fios que se estendem pelos buracos da parede da Capela até sua parte de trás. Representando dessa forma, a ação da rainha, durante o dia, diante dos olhares, de tecer a mortalha e do outro lado do tear, a ação da rainha, durante a noite, sozinha, de desmanchar.
Tapete, tear e fios de lã e chenille



Na parte de trás da Capela se observa é um mar vermelho de fios que tomam conta de toda a natureza existente no local. Todos àqueles fios enrolados, formando uma forte presença vermelha nos trás um sentimento de dor e mágoa, como se de repente pudessemos ver através de Penélope seus sentimentos presente no tempo da noite em que desmancha todo seu trabalho do dia.





Fios que saem dos buracos




Além disso, o modo como Blass posta o tear nos causa um questionamento sobre o tempo e a ação que está sendo exercida sobre os fios. Observamos pelo seu comprimento um longo passar de tempo, mas nos questionamos se o fluxo da ação naquele tempo fora de tecer ou de desmanchar o tapete. Da mesma forma em que o grande comprimento do tapete exerce um poder de trazer a realidade de um casamento que se aproxima - o casamento de Penélope - os fios que escorrem pela parede impõem sua força para o sentido contrário.
Dessa forma é possível observar na obra de Blass um movimento dúbio de construir/desconstruir de Penélope. Uma luta entre o poder de tecer o tapete e o poder de dissecá-lo.


Segundo lado do tear


Onde: Capela do Morumbi
Av. Morumbi, 5387, São Paulo
tel: (11) 3772-4301
Quando: 24 de Setembro de 2011 a 26 de Fevereiro de 2012
Horário: Terça à domingo, das 09h às 17h
Quanto: Entrada franca
Links relacionados:
http://www.tatianablass.com.br/
http://www.museudacidade.sp.gov.br/

*Encontro com a artista dia 29 de outubro, sábado, às 15h.













terça-feira, 25 de outubro de 2011

VIK

Por Flávia Zerbinato


Olhe à sua volta: há um mundo de coisas às quais não damos a menor importância. Poeira, lixo, areia, brinquedinhos infantis... Vik Muniz, um artista brasileiro, foi capaz de olhar para essas coisas cotidianas e se aproveitar delas como material para suas obras. E o resultado são imagens surpreendentes, onde o artista trabalha em vários níveis de compreensão, já que num primeiro instante, ao vermos suas obras, pensamos tratar-se de fotografia.

Vik Muniz nasceu em 1961, em São Paulo. Estudou Publicidade e Propaganda na Faap e atualmente vive e trabalha em Nova York. Seus mais de 120 trabalhos já percorreram o mundo e chegaram a Lisboa, mais precisamente no Museu Colecção Berardo, num momento em que Vik atinge o ápice de seu reconhecimento, sendo um dos artistas brsileiros mais consagrados internacionalmente.

Durante essa semana de recesso que tivemos durante as aulas da faculdade, resolvi viajar sozinha para Portugal. Somente eu, minha mala e minha máquina fotográfica. No primeiro dia, decidi andar por Lisboa, e após visitar os famosos pontos turísticos Mosteiro dos Jerônimos e Torre de Belém, percebi que próximo a eles havia um enorme prédio, que era o Museu Colecção Berardo. O fato de ter uma exposição temporária sobre um artista brasileiro me chamou a atenção e resolvi entrar.


Fachada do Museu Colecçãao Berardo

Logo na entrada, há dois enormes quadros com o auto-retrato de Vik Muniz, um com o rosto dele de frente e outro de costas.


Eu (Flávia) na entrada da exposição. (Além de outros visitantes ao meu redor).

De longe eu não havia conseguido distinguir porque a imagem não era homogênea, até que me aproximei e percebi que não era uma fotografia, mas sim um quadro feito a mão, feito com os papéis em formato circular que sobram de um furador.

Conforme andava pela exposição, me surpreendia cada vez mais. Nunca imaginei que fosse possível reproduzir um cavalo ou um rosto humano usando apenas brinquedinhos infantis como matéria-prima, por exemplo.
















No detalhe, um zoom do material utilizado na obra.






 




Vik também reproduziu o rosto de muitas pessoas e personagens famosos com caviar e diamantes como materiais (como Elizabeth Taylor e Frankestein), momentos históricos com calda de chocolate (como a Tomada da Bastilha) e pinturas famosas com recortes de jornais e revistas (como “A Noite Estrelada” de Van Gogh), mas a série que mais me emocionou foi definitivamente a série Açúcar.
Na exposição, explicava-se que enquanto Vik estava de férias na ilha de St. Kitts, nas Caraíbas, conheceu um grupo de crianças nativas na praia e ficou encantado com o seu comportamento doce. Depois, quando conheceu alguns dos pais das crianças, foi igualmente afetado pela exaustão e falta de esperança dos adultos, em resultado de longos anos de trabalho duro em plantações de cana-de-açúcar. Ao voltar para Nova York, não conseguia parar de pensar no futuro que essas crianças estavam fadadas a enfrentar. Por isso, decidiu duplicar as fotografias que havia tirado das crianças, usando açúcar como material. E esse foi o resultado:

Eu saí encantada da exposição. Foi interessante perceber como para apreciar uma obra de Vik Muniz, metade do trabalho é feita pelo espectador, que exerce um papel ativo, já que somos forçados a nos aproximar, ou nos distanciar das obras, ou buscar no fundo do nosso repertório elementos para que possamos compreender a profundidade de seu trabalho.

Quando visitei: 09/10/11
Onde: Museu Coleção Berardo em Lisboa, Portugal
Até quando: até o dia 31/12/2011
Links relacionados: