terça-feira, 25 de outubro de 2011

VIK

Por Flávia Zerbinato


Olhe à sua volta: há um mundo de coisas às quais não damos a menor importância. Poeira, lixo, areia, brinquedinhos infantis... Vik Muniz, um artista brasileiro, foi capaz de olhar para essas coisas cotidianas e se aproveitar delas como material para suas obras. E o resultado são imagens surpreendentes, onde o artista trabalha em vários níveis de compreensão, já que num primeiro instante, ao vermos suas obras, pensamos tratar-se de fotografia.

Vik Muniz nasceu em 1961, em São Paulo. Estudou Publicidade e Propaganda na Faap e atualmente vive e trabalha em Nova York. Seus mais de 120 trabalhos já percorreram o mundo e chegaram a Lisboa, mais precisamente no Museu Colecção Berardo, num momento em que Vik atinge o ápice de seu reconhecimento, sendo um dos artistas brsileiros mais consagrados internacionalmente.

Durante essa semana de recesso que tivemos durante as aulas da faculdade, resolvi viajar sozinha para Portugal. Somente eu, minha mala e minha máquina fotográfica. No primeiro dia, decidi andar por Lisboa, e após visitar os famosos pontos turísticos Mosteiro dos Jerônimos e Torre de Belém, percebi que próximo a eles havia um enorme prédio, que era o Museu Colecção Berardo. O fato de ter uma exposição temporária sobre um artista brasileiro me chamou a atenção e resolvi entrar.


Fachada do Museu Colecçãao Berardo

Logo na entrada, há dois enormes quadros com o auto-retrato de Vik Muniz, um com o rosto dele de frente e outro de costas.


Eu (Flávia) na entrada da exposição. (Além de outros visitantes ao meu redor).

De longe eu não havia conseguido distinguir porque a imagem não era homogênea, até que me aproximei e percebi que não era uma fotografia, mas sim um quadro feito a mão, feito com os papéis em formato circular que sobram de um furador.

Conforme andava pela exposição, me surpreendia cada vez mais. Nunca imaginei que fosse possível reproduzir um cavalo ou um rosto humano usando apenas brinquedinhos infantis como matéria-prima, por exemplo.
















No detalhe, um zoom do material utilizado na obra.






 




Vik também reproduziu o rosto de muitas pessoas e personagens famosos com caviar e diamantes como materiais (como Elizabeth Taylor e Frankestein), momentos históricos com calda de chocolate (como a Tomada da Bastilha) e pinturas famosas com recortes de jornais e revistas (como “A Noite Estrelada” de Van Gogh), mas a série que mais me emocionou foi definitivamente a série Açúcar.
Na exposição, explicava-se que enquanto Vik estava de férias na ilha de St. Kitts, nas Caraíbas, conheceu um grupo de crianças nativas na praia e ficou encantado com o seu comportamento doce. Depois, quando conheceu alguns dos pais das crianças, foi igualmente afetado pela exaustão e falta de esperança dos adultos, em resultado de longos anos de trabalho duro em plantações de cana-de-açúcar. Ao voltar para Nova York, não conseguia parar de pensar no futuro que essas crianças estavam fadadas a enfrentar. Por isso, decidiu duplicar as fotografias que havia tirado das crianças, usando açúcar como material. E esse foi o resultado:

Eu saí encantada da exposição. Foi interessante perceber como para apreciar uma obra de Vik Muniz, metade do trabalho é feita pelo espectador, que exerce um papel ativo, já que somos forçados a nos aproximar, ou nos distanciar das obras, ou buscar no fundo do nosso repertório elementos para que possamos compreender a profundidade de seu trabalho.

Quando visitei: 09/10/11
Onde: Museu Coleção Berardo em Lisboa, Portugal
Até quando: até o dia 31/12/2011
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