terça-feira, 30 de agosto de 2011

O silêncio me contou - Carolina Krieger

Por Alfredo N. Setubal


Caí na exposição “O silêncio me contou” por mero acaso. O local, chamado Cartel Zero Onze (http://www.cartel011.com.br/) é um misto de loja de apetrechos de decoração e galeria. Logo na entrada funciona a área da galeria, que se resume a uma única longa parede. O que me fisgou foi justamente o título, em sua contradição escancarada e poética. Qual é, afinal, a voz do silêncio? O que se escuta quando mais nenhum som ecoa a nossa volta? Com essas perguntas em mente, não resisti em ler o texto que dá início à exposição.


Um dos vendedores da loja, que nas horas necessárias faz o papel de guia da galeria, me explicou que a artista, Carolina Krieger, costumava trabalhar na área da moda, mas que decidira abandonar tal carreira e lançar-se no mundo das artes visuais.



A exposição (a primeira da artista) é pequena: resume-se a pouco mais de doze fotografias, a maior parte delas em banco e preto. Mas tamanho nem sempre é documento e algumas obras me chamaram bastante atenção. Nestas, parece pairar um misto de tensão e poeticidade que tende a manter o expectador interessado na foto por mais tempo que do que seria normal. Há um constante uso de sombras e de granulação – que em sua combinação criam, em alguns casos, fotos esfumaçadas e com tom onírico.

Os temas das fotos são bem variados, mas um outro pequeno texto da exposição parece dar conta da linha geral que conecta as imagens: “Nas fotos de Carolina Krieger nota-se claramente a busca insaciável de dar forma ao intangível e de perdurar a fugacidade. Texturas, jogos de luz e sombras, capturam momentos de intensa delicadeza.”

Qual é, afinal, a voz do silêncio? O que se escuta quando mais nenhum som ecoa a nossa volta? Se me fosse pedido para propor uma resposta para estas perguntas que me fiz antes de ver a exposição, talvez eu arriscasse dizer que a voz do silêncio é a nossa própria voz interior, nosso pensar, nossa consciencia – é só isso que resta para escutar quando já não há nada para ouvir.

A lição que me fica é que existem mais centros de cultura em SP que valem a pena serem conhecidos do que sonha a nossa vã VEJA SP (ou qualquer outra guia de entretenimento da capital). É preciso fuçar, buscar conhecer novos lugares, pequenos e pouco conhecidos. Muitos, provavelmente, acabarão não valendo a pena. Outros, pelo contrário, serão uma daquelas surpresas boas que a vida nos reserva. É este o caso de “O silêncio me contou”.


O Silêncio Me Contou - Até sábado, dia 3 de setembro.

Cartel011(
Rua Artur de Azevedo, 517, Pinheiros
. De segunda-feira a sábado, das 11h às 20h. Telefone: (11) 3081-4171)


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